“Eu encontrei o vestido que eu gostaria no Instagram e cheguei até essa empresa, só que se chamava MF Conceito no Instagram. Até que eu marquei a prova, fui lá, que era nesse espaço que era da Filia, de um valor X eles deram um desconto, de R$6.000, eles deram desconto para R$4.500. Acontece que eu já fechei o contrato, fiquei muito feliz com o desconto, só que de um tempo para cá eles já não vinham respondendo as minhas questões. Eu sei que o meu foi só o vestido, mas eu tô no grupo de noivas, eu tô vendo o desespero de cada uma que tá vendo o seu sonho ir por água abaixo. Muitos casais que iriam se casar na outra semana, no próximo fim de semana, no próximo mês que já não tem mais nem o que fazer. E eles bloquearam, eles simplesmente sumiram, não respondem”, diz.
Há casos em Campo Mourão, Paranavaí, Londrina e outras cidades. O delegado Fernando Garbelini explica que mais de um inquérito deve apurar o crime.
“Desde a semana passada a gente começou a receber esses registros e aqui na nossa unidade foram registrados cerca de 150 boletins de ocorrência. Só que ao buscar no sistema da polícia a gente viu que as vítimas não se concentravam só em Maringá. Então existem várias vítimas na região, na região de Paranavá, de Londrina. Então existem cerca de 450 boletins registrados até o momento, tanto presenciais nessas unidades quanto B.O.s on-line, mas que procuraram a nossa unidade foram cerca de 150 e dessas vítimas que nos procuraram a gente ouviu cerca de 100 já e ajuntou a documentação. Essa semana a gente começou a ouvir os prestadores de serviço e essas pessoas nos trouxeram também a informação de que foram lesadas, vários deles têm dívidas astronômicas
para receber, 400 mil, 300 mil, 500, 150 mil e segundo eles a dona dessa empresa, ela protelava esses pagamentos, eles iam prestando serviço e ela ia pagando parcialmente e dava esperança de que em um dado momento a empresa ia se restabelecer e isso aí foi se estendendo por um longo período e a promessa de pagamento foi fazendo com que essas pessoas continuassem prestando serviço mesmo sem ter recebido na integralidade. Ao longo da investigação a gente percebeu que dinheiro não era problema ali, que entrou muito dinheiro e a gente não sabe qual era a intenção dela com isso, mas também existem essas pessoas que foram lesadas, esses prestadores. Esse tipo de golpe que é praticado com transferência bancária, a competência, de acordo com a nossa legislação, é do local da residência da vítima. Nós aqui estamos atendendo as pessoas que são de Maringá e região e provavelmente vai ser instaurado um outro inquérito na região de Londrina, porque existem centenas de vítimas também naquela região. E esses inquéritos vão correr em paralelo, claro, com uma cooperação, mas vão correr separado.
Os advogados da empresa entraram em contato com a delegacia, mas como a prioridade é ouvir vítimas, o delegado ainda não ouviu a versão da Filia. “Vieram os advogados aqui da empresa, eles se colocaram à disposição para serem ouvidos, só que a nossa prioridade nesse momento é investigar. Então a versão dos investigados não é a nossa prioridade nesse momento. A gente precisa primeiro investigar para depois ouvir os investigados. Fazendo um levantamento de forma grosseira até, levando em consideração a média de prejuízo das vítimas, que é de em torno de R$ 20 mil, como eu disse, são mais de 400 boletins, ultrapassa certamente R$ 8 milhões.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa da empresa.