O Plantão Maringá errou ao informar no título em reportagem que a árvore foi parafusada pela prefeitura de Maringá. Na verdade, o fato ocorreu em Marialva. A informação foi corrigida às 19h12
O risco iminente de queda, fez a Prefeitura tomar uma decisão inusitada com uma árvore de grande porte. Apresentando rachaduras, a árvore foi toda parafusada, evitando que os galhos caiam sobre carros e pessoas.
A medida inusitada foi tomada pela Prefeitura de Marialva em uma árvore do Jardim Custódio. No primeiro momento, a medida tomada pelo município foi amarrar a árvore com uma cinta de poliéster, usada para amarração de cargas. Em seguida, a árvore foi parafusada.
O caso curioso chamou atenção dos moradores e foi divulgado pelo Programa Pinga Fogo na TV, apresentado por Juliano Pinga e Márcio Gomes. Assista abaixo.
Nota Técnica da Prefeitura de Maringá
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente recebeu pedidos para a avaliação de uma árvore que estaria rachando, localizada na pista de caminhada do Jardim Custódio. Nos pedidos, os munícipes solicitavam verificar a possibilidade de preservar a árvore.
A equipe técnica foi até o local e observou que a árvore em questão era de porte médio, da espécie Sibipiruna (Cenostigma pluviosum). A copa apresentava folhagem vigorosa, com galhos baixos e alguns galhos secos. O tronco apresentava caules codominantes angulados, uma rachadura em duas porções e leve podridão no local da rachadura. Não foram observados danos visíveis ao sistema radicular.
Considerando a situação física e sanitária da árvore, ela apresentava alto potencial de risco. Normalmente, em casos como esse, uma solução seria a remoção da árvore. No entanto, atendendo ao pedido dos munícipes pela preservação, foi proposta uma alternativa de manejo: a aplicação de um sistema de suporte para a árvore.
Os sistemas de suporte para árvores são usados em arboricultura para proporcionar maior estabilidade e segurança, consistindo em técnicas como cabeamento, reforço com haste (barra roscada), estaqueamento e escoramento. A instalação de ferragens oferece suporte suplementar e, quando adequadamente aplicada, pode estender o tempo de vida da árvore, reduzindo os riscos de rupturas mecânicas.
Essa técnica de suporte é amplamente validada e utilizada há décadas nos Estados Unidos, sendo respaldada por estudos científicos. O sistema utilizado na árvore seguiu o guia ISA Best management practices – Tree support Systems (Melhores Práticas de Manejo – Sistemas de Suporte), da International Society of Arboriculture (ISA), além da norma técnica americana ANSI A300: Part 3 – Supplemental Support Systems, que é o equivalente à ABNT no Brasil. Essas normas definem os tipos de materiais, quantidades, diâmetros, métodos de instalação, etc.
As ações realizadas na árvore foram as seguintes:
• Vistoria e isolamento da área;
• Amarração com cinta catraca, utilizada apenas durante as ações;
• Limpeza e remoção de partes deterioradas;
• Cauterização da área afetada;
• Poda de galhos baixos e secos para diminuir o peso da copa;
• Cabeamento entre galhos importantes para suporte da árvore (barras roscadas, porcas, arruelas e olhais de ½”, cabos de aço, sapatilhas, presilhas de 5/16”);
• Reforço dos troncos com barra roscada de ¾”.
Com essas ações, o potencial de risco da árvore foi significativamente reduzido. Isso permitirá que os munícipes, que solicitaram sua preservação, bem como toda a comunidade, continuem a desfrutar dos benefícios proporcionados por essa árvore.
Da mesma forma que a ação de preservação é importante, o plantio de novas árvores também é essencial. Nesse sentido, no mesmo dia da ação de preservação, foi realizado o plantio de 13 novas mudas de árvores nas proximidades da árvore preservada.
Vale ressaltar que, normalmente, os pedidos recebidos pelo município referem-se à remoção de árvores, sendo esta a primeira vez que houve solicitações para sua preservação. Essa foi uma oportunidade para o município demonstrar que existem alternativas de mitigação de riscos além da supressão de árvores, promovendo assim um manejo mais sustentável.
Gionelton Castro
Engenheiro Agrônomo e Mestre pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Especialista em Arborização Urbana pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Membro da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU) e Arborista Certificado pela International Society of Arboriculture (ISA).